Arquitetos: Sylvio E. de Podestá, Éolo Maia e Jô Vasconcellos
Colaboração: Flávio Grillo e David A. Peterson
Cliente: CARPE e Prefeitura Municipal de Timóteo, MG
Estrutura: Chapas Usiminas; fabricação e montagem TCR
Projeto: 1983/84
Construção: 1984/85
Área: 2.500,00 m2
* 1º Prêmio em concurso promovido pelo IAB/MG-CARPE para edifícios escolares semi-industrializados.
Esta escola é resultado do desenvolvimento da proposta apresentada para o Prêmio Eduardo Mendes Guimarães, desenvolvida para um terreno localizado em bairro periférico da cidade de Timóteo, Vale do Aço, Minas Gerais.
Pelas características do terreno, foi possível uma implantação que contemplasse também outros elementos como pátios externos e quadras e, seu resultado final, corresponde à proposta de crescimento vertical em sua última etapa apresentada no concurso.
Além das características iniciais, como o uso de elementos industrializados, pintados de cores fortes, foram acrescentados outros e lúdicos agregados como um relógio sem ponteiro numa alusão à eterna infância, uma estagnação poética do tempo; diversas bandeirinhas de chapa metálica e fixas na cumeeira, com duas em sentido contrário como que permitindo, em nossos sonhos, comandar o vento. Também as salas, nos seus diversos níveis, foram pintadas de cores que informavam sobre o andar ou sobre as funções do local.
Os vazios das rampas e pátios permitem visuais do exterior em todos os matizes e escalas como proposto no concurso.
Na escola, empregamos a estrutura metálica, que necessita que os demais componentes da construção – lajes, vedações, escadas, instalações, etc. – acompanhem o processo de montagem que a estrutura exige, eliminando conceitualmente conclusões artesanais usadas em construções convencionais. Desta forma, o projeto refletirá naturalmente, no seu espaço, na sua característica formal, na sua intenção e no seu todo, um resultado não convencional.
No entanto, quando se opta por um sistema construtivo industrializado e para que ele não resultasse em um projeto definido por esta rigidez, por uma frieza construtiva expressa por técnicas corretas, mas pobres de calor e de opções espaciais criativas tão necessárias a um edifício escolar, criamos espaços que geram surpresas, estimulam a imaginação criativa e pura dos jovens para que façam do espaço e de sua técnica de construção elementos de aprendizagem e ampliem didaticamente sua criatividade.
A estrutura que define a volumetria final é bastante simples e segue modulações baseadas no comprimento padrão dos perfis (12m) e nas necessidades espaciais de uma escola. No primeiro piso temos uma modulação horizontal de 6x6m e, nos pisos superiores, eliminamos gradativamente alguns pilares e esta modulação passa passam a variar de 6x6m a 12x12m. A cobertura tipo galpão, é bastante simples e comum. A utilização de telhas pré-pintadas em azul e branco e assentadas alternadamente dão riqueza ao telhado.
Como dissemos anteriormente, para que se justifique o uso da estrutura metálica, necessitamos de complementos também industrializados. As lajes são prémoldadas e de rápida montagem, participam da rigidez do conjunto.
Escadas e rampas, revestidas com chapas metálicas ou telas funcionam também como vedações ou divisões de espaços. Coloridas, dão movimentação e riqueza das fachadas. Chapas coloridas também são vedações de pátios, vazios e dividem os revestimentos externos com venezianas transparentes de PVC.
Seria interessante a possibilidade do uso de diversos painéis e diversas volumetrias a exemplo da experiência do professor e arquiteto Lucien Kroll nos alojamentos da Faculdade Médica de Bruxelas. Ali, ele utiliza inúmeros painéis e esquadrias industrializadas num arranjo aparentemente aleatório mais de uma riquíssima e didática composição final. Deste modo as fachadas seriam descompromissadas e livres de um sistema repetitivo e ortodoxo pré-estabelecido, personalizando-as frente à comunidade onde fossem implantadas.
Desejamos criar um prédio de características técnicas e construtivas que exprimam precisão, rapidez, racionalidade e economicidade construtiva. No entanto, desejamos também que estas características possam gerar um espaço rico de surpresas. Surpresas companheiras da imaginação criativa dos jovens. Noutras palavras: a técnica servindo à criatividade.