Local: Bairro Mangabeiras, Belo Horizonte, MG.
Projeto: 1990
Área terreno: 735,00m2
Área: 450,00m2
*Menção Honrosa na Premiação do IAB/RJ, “Edificação para fins diversos”.
Localizado numa posição incrivelmente favorável em relação à cidade: exatamente no eixo da Avenida Afonso Pena, principal avenida de BH, onde ela faz sua única variação de percurso, deslocando lateralmente de seu eixo, e em cota topográfica bastante elevada, permitindo vista permanente.
Sua topografia de imediato sugeriu a implantação do projeto. Um plano bastante inclinado no sentido fundo/frente terminava em um platô praticamente nivelado e uma depressão semi-circular formada por um talvegue de sentido fundo/frente.
Se Mario Botta fez sua “casa rotonda”, aqui fizemos nosso atelier “rotondo”. Um grande cilindro, encimado por uma cobertura metálica de forte inclinação, com águas furtadas servido de iluminação zenital; um exaustor eólico renova o ar e funciona como dinâmica cumeeira, substituindo o tradicional galo.
Essa paz cilíndrica é interrompida por um violento traspasse “modernista”, amarelo, com detalhes tipo brises horizontais e pilares tubulares inclinados, como nas antigas varandas modernas. A interferência gera uma grande varanda no cilindro, cobre a garagem e tem como função principal a criação do escritório, permitindo uma atividade a mais no prédio. Se em elevação é modernista, em planta o anexo é como uma seta e aí realmente se caracteriza a ruptura.
Internamente, em meio cilindro, acesso e depósito a nível da rua; em seguida, um grande salão circular área de trabalho com depósito de telas e copa com o escritório ao lado e um anel mezanino que engrossa sobre a varanda, cuja função é ser a galeria dos trabalhos realizados. Do centro do salão, uma escada que dá acesso ao mezanino e em degraus contínuos leva a um pequeno mirante quase no fim do lote, local de contemplar e meditar. Todo o resto do terreno permanece como encontrado originalmente; para sua contenção, sugerimos o plantio do capim braquiara, normalmente utilizado em pastos bovinos. Um paisagismo simples, uniforme e funcional, evitando qualquer tipo de manutenção, além de valorizar o pictórico proposto no projeto.
Os desenhos da fachada principal, da inserção na montanha, da proximidade com os vizinhos, são uma deslavada crítica à burrice arquitetônica das casas ali localizadas; estas, além da má forma de ocupação topográfica, apresentam um “fachadismo” desproporcional e saudosista o que, no mínimo, desabilita seus autores e torna justo e correto pensar em sua eliminação, pura e simples, da história arquitetônica da cidade.